O júri do XVIII Grande Prémio de Literatura dst – presidido por Lídia Jorge e composto por Carlos Mendes de Sousa e Cândido Oliveira Martins – atribuiu por unanimidade o galardão a Teolinda Gersão, por O regresso de Júlia Mann a Paraty, «um livro de maturidade formal incontestável, associada a um invulgar fulgor criativo», justificou em comunicado. Através de um conhecimento profundo da vida e da obra de personagens históricas, e respeitando a veracidade dos factos, a autora desvenda o mundo interior de todas elas, vívida e credivelmente ficcionado, numa narrativa fascinante que prende o leitor da primeira à última página.
«É uma tremenda honra receber este prémio. Escrevemos para sermos lidos. E, para mais, é muito importante esta associação, tão rara, entre as dimensões empresarial e cultural», sublinha a autora com mais de 40 anos de vida literária.
Instituído em 1995 pela empresa de engenharia e construção Teixeira & Filhos (atual Domingos da Silva Teixeira), a presente edição do prémio, com o valor pecuniário de 15 000 euros, visava obras de prosa, de autores nascidos e residentes em Portugal, publicadas em 2021 e 2022. Estiveram a concurso 200 títulos.
A cerimónia de entrega do galardão realiza-se a 30 de junho, às 21h00, no Theatro Circo, em Braga. A sessão abarcará um concerto do projeto «Os Poetas», de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes.
Teolinda Gersão estudou nas Universidades de Coimbra, Tübingen e Berlim, foi leitora de português na Universidade Técnica de Berlim e professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde leccionou Literatura Alemã e Literatura Comparada. Viveu três anos na Alemanha, dois anos em São Paulo, Brasil, e conheceu Moçambique e a cidade de Lourenço Marques, onde decorre o romance A árvore das palavras. É autora de 20 livros e a sua obra encontra-se traduzida em 20 países. Considerada uma das maiores escritoras portuguesas da atualidade, foi galardoada com os mais prestigiados prémios literários nacionais, nomeadamente o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, o Prémio do PEN Clube (1981 e 1989), o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco, o Prémio Fernando Namora (1999 e 2015) e o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2017 pelo conjunto da sua obra. Foi escritora residente da Universidade de Berkeley em 2004. Alguns dos seus contos e livros têm sido adaptados ao cinema e ao teatro e encenados em Portugal, na Alemanha e na Roménia. Em 2018 foi-lhe atribuído o Marquis Lifiteme Achievement Award.
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